Casa da Comédia de Azinhaga, um coletivo de produção teatral da Aldeia de Azinhaga, terra alimentada na memória de José Saramago.
Era uma vez…
Numa das mais belas Aldeias do Ribatejo, branca, suave e fresca, com gentes trabalhadoras, de alma franca e corajosa, o teatro acompanha há décadas as suas vidas e as suas vidas fazem o teatro.
De avós para netos e bisnetos, contam-se as histórias de um passado duro e doloroso, onde a força e o brio de campinos, camponeses, camponesas e pescadores criava danças, risos, textos e alegrias que enchiam tardes e noites a quem lhes dava corpo e a alma a quem as via e ouvia.
Foi assim durante muitos anos, as gentes foram mudando, os campinos foram rareando, as camponesas procuraram outros rumos, mas a alma, a alegria e a garra de manter viva a tradição com todo seu encanto, acompanha as gerações como uma paixão inebriante.
É com este amor pela Azinhaga que nasce em 1989 a Casa da Comédia de Azinhaga, um amor alegre com o Morgado de Fafe em Lisboa, por vezes solitário, angustiado, dividido como um “Duelo”, mas forte, quente, escaldante como o “Sol das Lezírias”.
Um amor envolvente que procura crescer e juntar mais gente, novos atores, que procura a fantasia e o encanto com as “Bodas de Sonho”, dar alegria às noites de verão com “Cabaret”, “Toma Lá Revista” , “Jorge Dindin um marido enganado” e recordar a tradição, os usos, os cheiros, os sons da terra e do Almonda com “Rio da Leziria”.
É um amor fraterno que não esquece os seus, Augusto Barreiros, José dos Reis, estão presentes nos textos, nas músicas, nos gestos. José Saramago no porte, no orgulho de quem sendo grande se faz pequeno e sendo pequeno é grande.
É um amor que não é cego e no “Ensaio sobre a Cegueira” vê nos olhos e no coração, o que de melhores as suas gentes lhe podem oferecer, as palmas, a emoção, o tremor de quem se sente amado.
Vive com a força das gentes que o apoiam, que ajudam a que sobreviva. Vive com a força dos que enchem a sala. Se a sala pudesse falar! Contava tantas histórias de alegria, lágrimas, temores, e sonhos dos que passaram, dos que estão e dos que virão a estar no grupo. Tantos e belos sonhos, de entrega nas noites de inverno, a estudar textos, a procurar novas figuras, a tentar ultrapassar barreiras e temores, a ser quem não é, para fazer a Azinhaga sorrir, chorar, e sobretudo sonhar.
Esta é a nossa história.
Carregada de emoção, de preocupação, de altos e baixos, de felicidade, e de sonhos!
Continuaremos a Sonhar por Amor à nossa Azinhaga!